sexta-feira, 5 de junho de 2009

´´Coisa que prá mode ver, o cristão tem que andar a pé``

Interessante observar a reflexão trazida por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira na canção Estrada de Canindé de 1951, na qual descrevem sensações vivenciadas pelo sujeito que anda a pé. Nesta mesma época, nos grandes centros urbanos a arquitetura e o urbanismo se desenvolviam em função da circulação do automóvel face ao modelo de adensamento populacional propiciado pela verticalização das edificações. Tal lógica vinha atender às necessidades do pensamento moderno proclamado por Le Corbusier, seu maior idealizador. Passadas quase seis décadas após a canção ser lançada, aqui estamos.Quantos elementos deixamos de experienciar hoje graças ao nosso modo de vida corrido na cidade? Que se deixa de ver, ouvir e sentir estando dentro de nossos carros à vidros cerrados? O que é possível decodificar na velocidade das avenidas? Que tranquilidade é oferecida para se enxergar a cidade em suas nuances sem a preocupação com a violência a nos rondar? Qual(is) modelo(s) adotar para devolver ao pedestre sua independência?

´´Ai, ai, que bom
Que bom que bom que é
Uma estrada e a lua branca
Uma gente andando a pé.
Ai, ai, que bom
Que bom que bom que é
Uma estrada e a lua branca
No sertão de Canindé.
Automóvel lá nem se sabe
Se é homi ou se é mulé
Quem é rico anda em burrico
Quem é pobre anda a pé.
Mas o pobre vê nas estradas
O orvalho beijando a flor
Vê de perto o galo campina
Que quando canta muda de cor.
Vai molhando os pés no riacho
Que água fresca Nosso Senhor
Vai olhando coisa a grané
Coisa que prá mode ver
O cristão tem que andar a pé.
Ai, ai, que bom
Que bom que bom que é
Uma estrada e a lua branca
E uma gente andando a pé.
Ai, ai, que bom
Que bom que bom que é
Uma estrada e a lua branca
No sertão de Canindé.``

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Primeiro contato

A idéia inicial do blog é de compartilhar sensações obtidas através do olhar. Vivemos cercados de informações das mais variadas formas e sutilezas, muitas delas proposital e corretamente aplicadas, outras nem tanto. Dessas muitas informações ( verbais e não verbais, físicas e imateriais...) se compõem os espaços que percorremos ao longo do dia. Refinar o olhar acerca do que nos cerca e desmitificar alguns dos elementos que constituem estas espacialidades em suas macro e micro escalas, a fim de compreendê-las e melhor usufruí-las é o do ponto de partida que faz deste espaço o palco de observância e experienciação das mais diversas e singulares paisagens. O piloto que conduzirá o leme nesta viagem, autor destas linhas, é um curioso e apaixonado estudante de arquitetura que vive em uma das mais belas cidades do Nordeste brasileiro, Recife. Conhecida por suas pontes, será muitas vezes o palco das reflexões aqui levantadas. É aqui que vivo, são estas ruas e avenidas que percorro. Circulemos juntos pelos espaços que constroem este lugar. Sejam bem vindos e boa viagem.